Novos desafios impactarão o setor da construção civil em 2013
Ao encerrar seu mandato à frente da diretoria do Sindicato da Indústria da Construção e de Artefatos de Concreto Armado do Oeste de Santa Catarina (Sinduscon/Oeste), o presidente Lenoir Antonio Broch transmitirá o cargo ao empresário José Brill Wolff com o setor fortalecido, porém com novos desafios pela frente.
A principal bandeira de Broch foi a criação de mecanismos para a formação profissional, o que incluiu a Escola da Construção Civil do SENAI, inaugurada neste ano pelo Sistema FIESC, além do fortalecimento de parcerias com entidades e investimentos para aprimorar o conhecimento dos associados. Mas, ao iniciar 2013, há um grande desafio pela frente: conflito entre o desenvolvimento do setor imobiliário e o aeroporto do município em razão de uma portaria assinada em novembro pelo comando da Aeronáutica, restringindo a aprovação de projetos de construção de edificações no entorno do aeroporto. Nesta entrevista, Broch fala sobre a evolução do setor, destaca as conquistas da entidade e comenta sobre as limitações do decreto.
Quais foram as principais conquistas do Sinduscon no período em que esteve à frente da entidade?
Broch - Valorizamos os investimentos em tecnologia e a melhoria na qualificação de mão de obra por meio do incentivo em programas de qualidade. Também trabalhamos para promover a união dos empresários, o que oportunizou parcerias para compras conjuntas - uma evolução que traz benefícios para todos. Conquistamos novos associados e fizemos um trabalho que aproximou as diferentes entidades. Hoje, temos um relacionamento próximo com os bombeiros, Ministério do Trabalho, Sindicato dos Trabalhadores e Associação dos Engenheiros e Arquitetos, visando principalmente, o acesso a novos conhecimentos. O Sinduscon também investe para que os associados participem de feiras, buscando o aprimoramento de tecnologias. Com isso, o sindicato estimula não somente a qualificação da mão de obra, mas também trabalha para “refinar” o conhecimento dos empresários sobre as atividades que desenvolvem, promovendo acesso a informações atualizadas sobre as leis e obrigações dos empregadores, segurança no trabalho, além de lutar para redução da informalidade.
A Escola da Construção Civil é uma das estratégias para melhorar a qualidade no processo construtivo?
Broch - Sem dúvida. A escola da construção civil é um exemplo de como a oportunidade de aprendizado, a convivência com outras pessoas e a simples frequencia a um ambiente diferenciado podem proporcionar mais segurança e confiança ao trabalhador. Além disso, com profissionais qualificados, as empresas poderão investir em novas tecnologias, pois alguns dos equipamentos da instituição não são utilizados na região pela falta de profissionais qualificados para operá-los. A escola beneficiará diretamente 5,5 mil trabalhadores, além daqueles que atuam na informalidade. No futuro teremos mais agilidade, qualidade e segurança nas obras, pois queremos que os profissionais formados na escola atuem como multiplicadores de informações aos colegas no sentido de orientar para a utilização de equipamentos de segurança e atitudes preventivas nas construções. A procura dos jovens para os cursos oferecidos é uma demonstração de que estão interessados em se preparar para a profissão. Nosso colaborador está envelhecendo e a escola mostra que existem sim profissionais para o futuro. No entanto, serão trabalhadores com visão focada para a formação profissional. Para 2013, já temos mais de 100 inscritos.
Qual é a representatividade do Sinduscon?
Broch – O Sinduscon tem 25 anos, atua em 22 municípios do oeste de Santa Catarina e congrega empresas construtoras, incorporadoras e prestadoras de serviços de mão de obra. São mais de 5.500 empresas desenvolvendo atividades na região dos 20 municípios de abrangência do Sinduscon/Oeste. O setor emprega 5.000 trabalhadores e, destes, 10% são mulheres. Com habilidades para trabalhos detalhistas, elas se preocupam com a segurança no ambiente profissional e ocupam cargos como pedreiras, eletricistas, operadoras de guincho, servente de pedreiro, entre outros.
Quais os percalços que a nova regulamentação do entorno do aeroporto vem provocando na área da construção civil?
Broch - O decreto municipal, que entrou em vigor em 7 de novembro de 2012, suspende por tempo indeterminado as consultas prévias, análise, aprovação e emissão de alvarás de parcelamento do solo na unidade funcional de proteção do aeroporto e nas áreas localizadas no entorno do Aeroporto Serafin Enoss Bertaso. Neste perímetro não é possível ter projetos de altura superior a 30 metros e desnível superior a 60 metros em relação ao aeroporto. O decreto é resultado de uma determinação da portaria da Aeronáutica nº 256 /GC5, de 13 de maio de 2011.
O que a entidade pretende fazer para que o setor da construção civil não seja prejudicado pela nova norma?
Broch – Precisamos buscar soluções urgentes para minimizar prejuízos. Queremos o aeroporto, mas queremos que não prejudique a construção civil e demais atividades econômicas. Como ficaremos um período sem alvarás de construções, um dos principais reflexos pode ser o desemprego. Para avaliar o desenvolvimento territorial na região do aeroporto, foi criado neste mês, pela administração municipal, um grupo de trabalho. O grupo vai discutir, acompanhar e analisar o impacto da portaria da Aeronáutica que limita a construção civil. As entidades e órgãos participantes discutirão e acompanharão os impactos que a portaria nº 256/GC5 representa para o município. Outra tarefa do grupo é avaliar o desenvolvimento territorial da região do aeroporto e agilizar os processos de aprovação de novos projetos. Com isso, buscaremos a ajuda de especialistas para encontrar as melhores alternativas para a região e minimizar os prejuízos.
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